Após três meses de espera, tanto as instituições de ensino como os alunos se tranquilizaram com a aprovação dos recursos para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A Universidade de Caxias do Sul (UCS) declara que a receita oriunda do financiamento é bastante significativa para seu orçamento, enquanto a Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) se diz preparada para encaixar possíveis mudanças na estratégia financeira da instituição. 

 

Fies corresponde a 16% do faturamento da UCS

Hoje a UCS conta com mais de 3 mil estudantes que utilizam o Fies para custear seus estudos. Isso representa 16% do total de faturamento da Universidade, o que equivale a R$ 25 milhões por semestre.

De acordo com o responsável pela gerência financeira da UCS, Adalmir Antunes, a expectativa era de que o valor fosse liberado pelo Governo Federal, uma vez que os recursos são bastante significativos para o orçamento da instituição. “Se a dívida não fosse paga, seria catastrófico”, avalia Antunes. 

Neste semestre, foram disponibilizadas apenas 80 novas vagas pelo Fies para a UCS. Antunes afirma que o número de financiamentos reduziu depois que o governo passou a controlar a distribuição e burocratizar o acesso. “Chegamos a ter 3.500 alunos com Fies, claro que muitos se formaram, mas isso também representa redução no financiamento”, explica. 

Na opinião do estudante de jornalismo da UCS Ronaldo Velho Bueno, de 22 anos, o governo de Michel Temer deixou claro, desde o inicio, que educação, saúde e distribuição de renda não seriam prioridades de investimento. Logo, o atraso nos repasses para o Fies não são uma surpresa para o jovem. “Desde que o impeachment começou a se desenhar, imaginei que passaríamos por esta situação e acelerei o andamento do curso, para aproveitar o benefício até que ele não fosse cortado”, expõe.  

Caso venha a perder o financiamento, Bueno pretende recorrer judicialmente da decisão, já que há um contrato firmado previamente. Em último caso, o jovem  considera reduzir o ritmo da faculdade, contratando menos cadeiras por semestre.

Como o Fies tem apresentado uma redução significativa no número de vagas disponibilizadas, nos últimos anos, a UCS passou a oferecer outras modalidades de crédito educativo, como o UCSCred e o Fundacred, de Porto Alegre.

O UCSCred possibilita que o estudante financie 50% ou 75% do curso e pague o valor corrigido, de acordo com o reajuste das mensalidades, após a formatura. O financiamento é uma opção ante ao Fies. O programa também garante um tempo de carência entre a formatura e o período em que o aluno começa a trabalhar, caso esteja desempregado.  Foram liberadas 123 vagas através desta modalidade de crédito estudantil no primeiro semestre de 2016.

 

FSG adapta estratégia financeira

Na Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), a situação não é tão crítica quanto na UCS, porque tem menos estudantes que dependem do Fies. Dados do centro universitário demonstram que a instituição possui mais de mil estudantes com financiamento. Em 2016, 254 novos alunos foram beneficiados, valor proporcional à expansão da faculdade.

Segundo o diretor da unidade da FSG em Bento Gonçalves, Daniel Delucchi, a instituição se preparou com uma estratégia financeira caso os contratos do financiamento federal fossem rescindidos. “Lógico que tem um impacto financeiro, mas não é tão relevante”, afirma.  

Daniel ainda argumenta que a renovação ou não dos contratos não muda o planejamento da FSG. “De qualquer forma, conseguiriamos honrar todas os compromissos”, observa. Com a liberação do crédito pelo Congresso Nacional, o Fies está garantido até o final de 2016.