No último ano, a prefeitura de Bento Gonaçalves realizou a castração de 843 animais em parceria com as clínicas veterinárias do município. Ao todo, foram investidos R$ 72,6 mil na esterilização e microchipagem de 320 cães e 523 gatos de rua. O valor representa apenas 60,5% do orçamento previsto para 2016, que era de 120 mil. E a explicação para a não utilização do dinheiro conforme previsto é simples: o serviço não é considerado prioridade pela administração municipal.

De acordo com o secretário de Saúde, Diogo Siqueira, a crise financeira obrigou a prefeitura a economizar no número de procedimentos realizados em 2016. “Como a verba para castrações é proveniente de recurso livre, a contenção de despesas fez com que o montante que ainda não tinha sido utilizado fosse aplicado nas áreas prioritárias”, explica.

A médica veterinária do setor de Vigilância Ambiental da Secretaria da Saúde, Analiz Zattera, admite que o número está abaixo do ideal. “Os procedimentos não conseguem se sobrepor à taxa de nascimentos. Portanto, não estamos conseguindo diminuir o número geral de animais”, avalia.

Ainda conforme Analiz, os principais focos de superpopulação de cães e gastos de rua são os bairros mais populosos e onde há menor espaço nas residências, como Municipal, Zatt, Conceição e algumas áreas do Progresso. “Devido à concentração de pessoas e falta de espaço há dificuldade de manutenção dos animais presos às residências. Isso provoca, além de acidentes nas ruas, a proliferação exagerada de cães e gatos”, conclui.
Para 2017, está previsto o investimento de R$ 121 mil em castrações. Os serviços ainda não foram reiniciados.

Projeto Ações Para o Bem

O projeto Ações para o Bem consiste na arrecadação permanente de tampas plásticas e lacres de alumínio. O dinheiro obtido com a venda dos produtos recicláveis é revertido em ajuda aos animais.

Atualmente o grupo conta com 20 pontos de arrecadação distribuídos em Bento Gonçalves e um em Garibaldi, nos quais já foram juntadas cerca de quatro toneladas de material. Em torno de 20 animais já foram castrados com os valores obtidos. Contudo, segundo Michele Schmitz e Bruna Aiolfi Conte, voluntárias no projeto, a demanda é muito maior. “Inclusive as ONG’s que defendem a causa e gostariam de contar com a nossa parceria, podem nos procurar que atuaremos em conjunto”, enfatizam.

Os pontos de coletas e as imagens dos materiais aceitos estão na página do Facebook do Projeto através do link www.facebook.com/acoesparaobem.bg.rs

300 animais esperam na fila

O orçamento previsto na Lei de Diretrizes Orçamentáris (LDO) de 2017 para as castrações de animais é de R$ 121 mil. A Vigilância Ambiental aguarda a ordem do secretário de Saúde para reiniciar os serviços. Contudo, a demanda já é bastante grande. Cerca de 300 cães e gatos aguardam o procedimento na fila há pelo menos seis meses.

Isso porque os cadastros são feitos apenas nos meses de janeiro e agosto pelo setor de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde. De acordo com Aneliz, não há critério de seleção para os animais. Ou seja, todos os pedidos são encaminhados para a fila de espera. “Não há legislação que preveja este tipo de situação. Então, quem nos ligar estará automaticamente incluso na fila”, descreve.

A médica veterinária ainda explica que as Organizações Não Governamentais (ONG’s) recebem prioridade pelo trabalho que desenvolvem no município. “Sobretudo os que conseguem capturar os gatos que ficam nos terrenos baldios. Primeiro porque estes animais se reproduzem muito rapidamente. Segundo que raramente alguém vai querer adotar um animalzinho de rua sem que ele esteja castrado”, finaliza.

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário deste sábado, dia 25 de fevereiro de 2017.