Apesar dos problemas apontados pelos produtores, entidades acreditam que as expectativas para a safra continuam positivas. Após a quebra que resultou na perda de 57% da produção em 2016, a estimativa é de que sejam colhidos 600 milhões de quilos de uva neste ano, o que corresponde a um acréscimo de 100% em relação ao ano anterior.  

De acordo com informações do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), as vinícolas comemoram a sanidade observada nas variedades até o momento e preveem que as uvas atingirão uma boa graduação de açúcar.  Para o vice-coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, por enquanto não houve registros significativos desfavoráveis em relação ao clima. “A sanidade da uva está boa, os produtores fizeram manejos adequados, incluindo uma boa adubação. Tudo se encaminha para bons resultados”, pontua.

O integrante do Conselho Deliberativo do Ibravin pela Comissão Interestadual da Uva, Moacir Mazzarollo, afirma que outro aspecto que influencia de maneira positiva, na vindima, é o fato de ter pouca incidência de doenças fungicas. “Esta safra está com uma produção excelente. ”, constata.  Porém, ele também observa que as próximas semanas serão decisivas para obtenção desses resultados, que serão definidos pela quantidade de chuvas. “A qualidade final se dá no momento da colheita”, explica.          

 

A busca pela técnica

O advogado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da região de Bento Gonçalves, Edson Zandoná, explica que os problemas com a safra são pontuais e esporádicos, mas é importante que não haja excesso de chuvas ao longo do mês. “A chuva não pode continuar, porque assim a videira absorve muita água e muito nitrogênio e a uva pode estourar, apodrecer”, observa. 

Zandoná argumenta que o solo da região da Serra é um solo “forte”, rico em nutrientes. Portanto, os agricultores devem tomar cuidado sobre qual processo de adubação adotar, visto que é comum que se utilize  adubos de forma desnecessária. “Recomendamos que os agricultores busquem auxílio profissional. Um engenheiro agrônomo pode fazer análise de solo e identificar quais nutrientes são necessários”, explica.

O conselho que Zandoná dá aos produtores é de que sempre busquem conhecimento. Ele diz que está percebendo “uma inquietude nos agricultores” nesse sentido. “Costumo falar para eles: tratem a propriedade de vocês como uma empresa, não como uma colônia”, reitera. 

O enólogo da Emater, Thompson Didoné, explica que as noites mais frias do que o normal – o que é denominado de amplitude térmica – e as chuvas em excesso podem influenciar na qualidade da uva, mas que até o momento não se tornou um problema.  “Nós temos casos esporádicos de perdas, mas no geral a qualidade da safra está muito boa”, avalia. 

Didoné ainda aponta que os agricultores podem ficar perdidos devido a variedade de adubos disponíveis no mercado. Além disso, é comum que muitos ainda se restrinjam às práticas antigas de aplicação, que foram passadas de geração a geração. 

Para evitar dores de cabeça, o enólogo recomenda que  os produtores busquem técnicos de sua confiança por meio da Emater, Embrapa, Sindicato e outras entidades relacionadas ao setor.  “São pessoas altamente qualificadas que podem ajudar”, complementa. 

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