No final de 2013, a estimativa era de que 2014 seria um ano estável para a indústria metalmecânica de Bento Gonçalves, mas as estatísticas não se confirmaram. Os dados não se mantiveram estagnados e, infelizmente, caíram mais do que o esperado: no primeiro semestre deste ano foi registrada a queda de 35% no faturamento das empresas do ramo no município. Além do número, também foi contabilizada a queda de 25% nas contratações no último mês. O dado se dá a partir de pesquisa realizada pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simmme), com mais de 120 indústrias da cidade.

O presidente do Simmme, Juarez Piva, explica que o número de pedidos nas indústrias vem diminuindo desde o início do ano e que um baixo faturamento já era aguardado, contudo a queda de 35% foi mais do que o esperado. “Mensalmente recolhíamos dados das indústrias da cidade e, ao fechar o semestre, fizemos o balanço para avaliar a situação geral. Estes 35% representam a falta de pedidos, as possibilidades de demissões e a preocupação em que muitas empresas se encontram”, afirma.

Piva diz que a situação chegou a esse ponto devido a inúmeros fatores, mas principalmente a burocracia dos processos que envolvem o governo e as dificuldades impostas para investimentos. “De 2011 a 2013, o governo facilitou o crédito por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS) com juros abaixo da taxa de inflação. Muitas compras e modernizações foram feitas, em um momento em que o mercado estava em ascensão”, aponta. Entretanto, as facilidades propostas anteriormente não valem mais e, segundo ele, as burocracias estão cada vez mais presentes.

Os processos burocráticos, segundo o presidente, estão presentes em quase todas as ações de uma indústria, em processos fiscais, trabalhistas, ou licenças ambientais, por exemplo, além das altas taxas de juros e da infraestrutura carente do Brasil.

“Nós não queremos uma diminuição de juros, mas precisamos de uma reforma de governo urgente, onde as medidas sejam claras, permanentes e não se alterem a cada mês, precisamos de um sistema menos burocrático e investimentos em infraestrutura. São medidas que nos influenciam diretamente, mas que facilitaria processos para qualquer setor trabalhista”, aponta Piva. O presidente questiona não apenas a situação da indústria, mas o momento de retração que vive todo o país.

“Está se perdendo o discernimento de investimento no Brasil. É impossível um país com 200 milhões de habitantes crescer 1% ao ano, isso é sinal de que alguma coisa está errada”, comenta.

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