Mesmo num cenário de recessão vivido pelo Brasil desde 2014 que ocasionou a aceleração da inflação, alta de juros, credibilidade do governo ameaçada, falta de investimentos, aumento de preço nas prateleiras dos supermercados e crescimento nas taxas de desemprego, economistas e  lideranças empresariais apostam na retomada do crescimento da economia brasileira ainda no primeiro semestre deste ano. 

A afirmação parte após a divulgação do Indicador de Atividade Econômica, (IEA), que apresentou variação positiva do Produto Interno Bruto (PIB), com aumento de 1,12% no período de janeiro a março, na comparação com o último trimestre de 2016. Os números reforçam o que o Banco Central (BC), vinha defendendo a algum tempo: a retomada gradual do crescimento ocorrerá ao longo de 2017. O resultado vem após oito trimestres consecutivos de queda.

 

Cautela ao analisar resultados

 

O economista Jaci Tasca acredita que é preciso muita atenção ao analisar os números divulgados nesta semana pois, somente alguns setores da agricultura apresentaram melhora e, consequentemente auxiliaram na projeção de aumento do PIB. Tasca afirma que é preciso ter cautela, pois é cedo demais para afirmar que o país tenha saído da recessão. “Como resultado motivador, os números são bons, afinal, são resultados positivos. Porém, é necessário muita atenção, pois não há certeza de que outros setores como a indústria, por exemplo, estejam gerando números positivos. Particularmente, eu acho muito cedo comemorar uma retomada do crescimento da nossa economia. O resultado indica um possível fim da crise, mas é necessário ver a sustentabilidade desse crescimento”, afirma.

 

Aumento na arrecadação

 

Um dos possíveis sinais de uma recuperação da economia brasileira também pode ser notado pelo aumento na arrecadação de impostos. Até a segunda quinzena de maio, foram recolhidos mais de R$ 827 bilhões em impostos, taxas e contribuições no Brasil. Em Bento Gonçalves já foram pagos mais de R$ 36,7 milhões. Em comparação ao ano passado, os valores só foram alcançados no início de junho. As informações foram colhidas no marcador eletrônico, conhecido também como “Impostômetro”, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

O presidente da Câmara da Indústria e Comércio de Bento Gonçalves (CIC-BG), Laudir Miguel Picolli, acredita que graças a retomada de alguns setores da economia brasileira, o aumento na arrecadação de impostos também tenha sido influenciado. “O crescimento da arrecadação de um ano para outro decorre da retomada de atividade de alguns setores da economia brasileira, embora ainda em patamar baixo. Mesmo que os preços nas prateleiras estejam aumentando, o consumo diminuiu e isso não interfere diretamente para alcançar este valor em impostos”, disse.