Há quase dois milênios o filósofo Confúcio disse que “não corrigir falhas é o mesmo que cometer novos erros”. Muito tempo passou desde que a frase foi proferida, entretanto, a filosofia continuou sem ser aplicada. Erros grotescos e significativos na aplicação de políticas fiscais, econômicas, sociais resultaram no atual caos que arrasta o Brasil cada dia mais ao fundo do poço. Como consequência, embarcamos no segundo ano consecutivo de crise nacional. Com o reflexo da estagnação econômica, o desemprego e a redução significativa do poder de compra se tornaram a nova realidade dos lares brasileiros.

Como Bento Gonçalves não é uma ilha, a cidade registra déficit de aproximadamente 2.400 vagas de empregos formais, além de ter de aguardar o pagamento uma dívida expressiva da União com o município. Pois bem, em tempos tão difíceis, todo e qualquer centavo conta na hora de fechar as contas do final do mês. Entretanto, esta não parece ser a filosofia adotada pelo nosso Governo Municipal no primeiro semestre deste ano. Devido a entraves burocráticos ou simples falta de competência das Secretarias, diversas empresas que prestam serviços terceirizados estão sem receber valores referentes a horas extras trabalhadas desde março. O mais revoltante é que o dinheiro para o pagamento já está disponível. O que falta é a simples emissão de notas fiscais entre as pastas.

Parece que a Prefeitura não entendeu a gravidade da situação. O secretário-adjunto de finanças classificou os R$ 66 mil em débito do Governo com a empresa e consequentemente com seus funcionários como um valor irrisório, além de destacar que a situação é de fácil resolução. Valor irrisório se todos ganhassem a bolada que os responsáveis pelo entrave embolsam mensalmente. Mas hora, se é tão simples realizar o pagamento dos valores, por que não fazer? 60 dias aguardando um dinheiro que pode ser importantíssimo a quem tem que passar o mês com apenas um salário mínimo. Não seria isso descaso pela base da classe trabalhista?

É costumeiro a municipalidade reclamar da falta de verbas Federais e Estaduais destinadas a áreas como Saúde, Segurança, Educação, e com razão. O déficit com os municípios faz com que as Prefeituras tenham que abusar do “jogo de cintura”, fazendo realocações de recursos que nem sempre são de recebimento certo. Contudo, neste caso, como a verba já estaria disponível, a única explicação plausível para o cenário é a falta de comprometimento.