A iniciativa do projeto Minha Casa, Minha Vida sempre foi louvável e até merítória: garantir moradia digna para a população de baixa renda. Bento Gonçalves recebeu um dos primeiros empreendimentos ainda em 2011 e foi considerado como referência imobiliária para o país. Cerca de 420 famílias se instalaram no Condomínio Novo Futuro, onde teriam, em tese, a chance de, finalmente, ter uma vida mais digna, deixando para trás os casebres da periferia.

Porém, o Poder Público esqueceu de conscientizar estas 1.200 pessoas a conviverem em harmonia em um espaço pequeno, onde a tolerância se faz necessária de forma constante. O que era para ser um sonho, virou pesadelo rapidamente. O Novo Futuro virou uma bomba-relógio, uma terra sem lei.

No condomínio, em quatro anos de existência, pessoas foram presas, mortas e violentadas. O tráfico de drogas é uma realidade que se instalou no local e é difícil de ser combatido. Além disso, os moradores enfrentam problemas com a invasão de apartamentos e também a sublocação dos mesmos. Isso porque pessoas que já possuem imóveis foram contempladas com um imóvel no condomínio e, mesmo ferindo a legislação, alugam o espaço para terceiros.

Nesta semana, duas famílias foram despejadas do condomínio. Eram acusadas de invasão de dois apartamentos que estavam fechados. A situação mostra o abandono e a falta de ação que tomou conta do Novo Futuro. O Poder Público afirma que a situação está fora de controle e resolveu acioanr o Ministério Público Federal para tentar minimizar o problema.

O certo é que o futuro do condomínio não é dos mais animadores. A possibilidade de convivência com o mínimo de civilidade no local é cada vez menor e inesperada por quem mora lá. Atualmente, é mais fácil conviver com a violência, o tráfico de drogas e as infrações de alguns moradores do que se incomodar tentando virar este jogo. Esta batalha não é perdida somente pelos moradores do Novo Futuro, mas por todos nós, como sociedade civilizada.