A revisão do Plano Diretor volta a ser discutida em Bento Gonçalves após quase um ano. Agora, com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) como protagonista do processo. Serão 12 meses de muita discussão e estudos para que esta polêmica termine e um documento que agrade a maioria da população seja concluído.

Hoje, a mudança no Plano Diretor é um desejo de muitos empresários, principalmente dos que possuem empreendimentos localizados nos bairros Santa Marta, Santa Helena e Santo Antão. Pela atual legislação, eles não podem fazer melhorias ou ampliações nos prédios de suas empresas e muitos ameaçam até deixar a cidade por causa disso.

Por outro lado, ambientalistas lutam para que não sejam feitas modificações no plano, temendo prejuízos à Bacia de Captação do Barracão e a poluição dos arroios. O mesmo cuidado é exigido em relação à instalação de indústrias em áreas do Barracão, o que poderia provocar a contaminação de mananciais.

Também não podemos esquecer que um estudo anterior foi realizado por profissionais ligados à Ascon Vinhedos e que acabou passando despercebido pelo Poder Público. Esta recusa ao documento apresentado pela entidade pode fazer com que mais resistências a uma nova revisão, desta vez com investimento de recursos, venham a acontecer.
São três situações diferentes que precisam ser analisadas em conjunto e de forma isenta pelos técnicos da universidade. Afinal, a partir desta avaliação técnica serão definidos os critérios de utilização do solo no município, bem como será o futuro imobiliário de Bento Gonçalves.

Não estamos aqui colocando em dúvida a idoneidade do trabalho da universidade, mas é preciso atenção ao andamento do estudo. Tanto empresários, quanto ambientalistas, bem como a comunidade em geral precisam participar ativamente das audiências públicas e exigir esclarecimentos detalhados de tudo o que acontece durante a revisão do plano. O momento de questionar, sugerir e analisar o que foi feito será durante os próximos 12 meses de trabalho da equipe técnica. Após a montagem do novo Plano Diretor e a votação do documento na Câmara de Vereadores, não adiantará chorar o leite derramado.

A revisão do Plano Diretor servirá também como um divisor de águas para a comunidade bento-gonçalvense. A partir daí, poderemos saber o que queremos para o nosso futuro: se vamos equilibrar as questões que dizem respeito ao desenvolvimento econômico com as questões de cuidado com o meio ambiente ou se então continuaremos crescendo de forma desordenada e sem planejamento, como acontece nos dias de hoje.