Brilhante como a luz do sol aos olhos da oposição, a publicação do comparativo dos repasses Federais e Estaduais enviados ao município entre 2015 e 2016, divulgada pelo Tribunal de Contas de Estado do Rio Grande do Sul, pode ser um prato cheio para os que fazem de sua missão de vida criticar a atual gestão baseados em adversidades político-partidárias. Conforme os dados, a União repassou R$ 95 milhões a Bento Gonçalves no ano passado, cerca de 7% a mais do que o valor enviado em 2015 (R$ 89 mi). E nem adianta tentar culpar o Estado, que mesmo considerado falido, encaminhou R$ 16,1 mi em 2016, ficando apenas R$ 700 mil abaixo dos repasses encaminhados em 2015. Mas a cereja do bolo no comparativo é a receita arrecadada, que saltou de R$ 375 para R$ 445 milhões no ano passado. Sem dúvida, neste momento muitos já estão “gastando” a ponta dos dedos em celulares e computadores para utilizar os dados como prova de uma má gestão de verbas públicas. Contudo, é preciso ter calma.

Os números poderiam ser utilizados como ferramenta de tortura, inclusive pela própria imprensa, que já está cansada de receber como resposta que tal entrave em determinada situação se dava pela falta de repasse de uma das esferas ou atrasos nos envios. Mais parece disco riscado. Contudo o montante total dos recursos não é livre, ou seja, tem destino certo e inalterável, o que deixa o Executivo em uma espécie de “sinuca de bico”. Para simplificar, imagine que tens duas contas. Em uma possui uma quantia significativa, e outra está “no vermelho”. A solução seria simples, equilibrar a verba entre as duas. Mas com o dinheiro público essa não é uma possibilidade. Aí também tem que ser somadas a inadimplência e outros fatores. Não é a toa que encontrar remédios nas UBSs da cidade virou uma caça ao tesouro.

Contudo, há ressalvas para o que está ocorrendo no setor de obras da cidade. De acordo com o comparativo, no ano passado a cidade investiu 53% a menos na realização de construções, aplicando cerca de R$ 7 milhões na pasta. Cerca de R$ 8 milhões a menos do que o aplicado em 2015. Aí sim é necessário questionar: será que não foram repassados recursos? Atrasaram ou foi má gestão? Neste contesto poderíamos falar no aumento de dívidas e outros elementos, mas isso é assunto para outro momento.