Pode-se dizer que é natural o início do ano letivo causar situações que desagradam pais e responsáveis, entretanto particularmente em 2017 o cenário parece estar mais complexo. As dores de cabeça do Executivo começaram ainda no segundo semestre do ano passado, quando alegando corte de custos, ceifaram o período noturno do Alfredo Aveline. Sem surpresas, o ato, que foi inflamado por políticos de oposição, gerou críticas da comunidade e até ações na justiça foram impetradas alegando irregularidade ou descaso na decisão. Mas como a batalha não poderia ser ganha, o assunto caiu no esquecimento.

Contudo, nesta semana as faíscas que ocasionalmente – também arriscamos a dizer propiciamente – nutrem o fogo da guerra entre a situação e a oposição em Bento, voltaram a crepitar. Frustrados com o fechamento de sua escola, a comunidade de São Pedro utilizou cartazes e palavras de ordem como armas para manifestar sua desaprovação frente ao cenário. O protesto, que teve manifestações de pais e moradores, também contou com um pequeno “comício político”, já que um parlamentar enviou seu mensageiro para expor apoio a causa. A liberdade de expressão embasa esse tipo de coisa, mas às vezes um pouco de bom senso viria a calhar a certos edis, que agem como se tivessem “a caneta” em mão e pudessem mudar decisões de outras esferas com belas palavras. A angariação de votos nunca termina, não é mesmo?

Mas outro fato ganhou os holofotes municipais na quarta-feira. Frustrados com a falta de professores ou profissionais competentes para cuidar de crianças, pais com os filhos matriculados em uma escola infantil do Ouro Verde também reivindicaram melhorias no local. Afinal de contas, ninguém gostaria de saber que seus filhos estão sendo cuidados por funcionários de outros setores que, embora possam ter cuidado de seus próprios filhos, não tem qualificação para lidar com grandes turmas de crianças. A Secretaria de Educação reconheceu o problema e prometeu adequações para a próxima semana.

O interessante nisso tudo é que, embora Bento Gonçalves seja uma cidade que investe muito na educação e os dados do Tribunal de Contas não mostram o contrário, entraves estruturais e de administração persistem em despontar. Aí caberia uma avaliação mais profunda da gestão da pasta e da capacitação dos que tomam as decisões, mas isso é assunto para outro momento.