Abster-se de comentar a atual situação política nacional em mídias sociais, rodas de conversa ou qualquer outra forma de interação humana é ação quase impossível, dados os acontecimentos da semana. O caos instaurado nos poderes Executivo e Legislativo, em decorrência de delações premiadas, atos precipitados, possibilidade de impeachment, acusações de corrupção partidária e diversos outros ultrajes que ganharam repercussão mundial, tem contribuído significativamente para a depreciação do país.

De forma um tanto quanto impulsiva, aplaudida por uns e criticada por outros, a última cartada do Governo Federal foi a tentativa de nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como Ministro da Casa Civil. De acordo com Dilma Rousseff, que deixou para outrora os discursos brandos, adotando um posicionamento agressivo em seus pronunciamentos, principalmente em questões que envolvem seu “padrinho”, Lula seria um reforço expressivo em tempos de dificuldade. Porém, como avisa o famoso bordão, na política, nada é certo’. O ato falho de posse, sim, pois a homologação da nomeação de lula foi suspensa devido a liminar expedida por um juiz federal, foi um “tiro no pé” de um partido que há tempos rema contra a corrente. Isto porque, sem surpresas, quando avaliada de forma geral a situação do ex-presidente, dá se a entender que indicação para o ministério, apontada pela oposição como manobra para redelegar a competência das investigações, deixando de fora o atual responsável pelo processo, Sergio Moro, não passaria de uma tentativa para dar foro privilegiado ao investigado, possivelmente minimizando futuros danos à sigla.

Pois bem, que o cenário político está caótico e instável, e possivelmente assim permanecerá durante os próximos meses já não é novidade. O que merece destaque e está diretamente ligado às peripécias realizadas pela atual administração são as formas que empresas e entidades criam para minorar os efeitos negativos das adversidades político-econômicas. Com uma projeção impressionante de negócios, que pode ultrapassar US$ 300 milhões em um horizonte de 12 meses, um exemplo de alternativa que visa jogar um “balde de água fria” na crise é a Movelsul. Além de promover a cidade e colaborar com o aquecimento da economia local e nacional, a feira, que completa sua 20ª edição neste ano, também serve de base para negócios internacionais, visto que mais de 30 mil pessoas de 36 países passaram pelo evento.

Não existe solução mágica para prosperar ou até mesmo resistir ao atual deturpado cenário nacional. É a sobrevivência do mais apto, que neste caso, passa a ser do mais criativo. É preciso inovar, renovar e reinventar em tempos de incerteza. A feira foi translado disso, com espaços diversificados, atraentes e expositores de alto padrão. É nítido que os setores da Indústria e do Comércio de Bento Gonçalves fazem sua parte para desviar-se dos entraves originários da crise, entretanto, nada é definitivo. Entretanto, a linha tênue que separa as decisões políticas da economia nacional continua a oscilar e enquanto não existir equilíbrio, dificilmente o país voltará para os trilhos.