Mais de 500 mil pessoas morreram nos seis anos em que a guerra da Síria assola o país. O grupo Boko Haram utiliza cada vez mais crianças em ataques suicidas. A relação entre a Rússia e os Estados Unidos nunca esteve tão conturbada desde o fim da guerra fria. A Coreia do Norte já arquiteta um possível ataque nuclear como retaliação; o Relógio do Apocalipse está mais próximo da meia noite, mas é tempo de Páscoa.

Em um momento que somos expostos a dados cruéis sobre a extensão do enraizamento da corrupção no sistema político brasileiro, onde mais de R$ 40 bilhões foram roubados dos cofres públicos somente no que tange a operação Lava Jato, fica difícil ver o lado apolínico do feriado religioso. Contudo, aparte de toda a parafernália comercial e apelativa midiática que se faz sobre este e todos os outros feriados, a Páscoa pode proporcionar um breve vislumbre sobre o que está havendo com a humanidade e como estamos nos portando perante o próximo.

Ao olharmos para trás nas linhas da história, a percepção de erros pujante sempre salta aos olhos. E se tivéssemos feito algo a respeito do Apartheid? Sobre o Genocídio de Ruanda? Sobre o holocausto? Hiroshima ou a boate Kiss, em Santa Maria? Resta apenas a saudade do que poderia ter sido e não foi.
O entristecedor é que daqui 20 anos, provavelmente farão filas nas portas de cinemas para assistir a um filme sobre alguma das catástrofes citadas previamente, deixando todos com a sensação de que, novamente, algo poderia ter sido feito para evitar e não foi. Como disse Mário Quintana “O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente”.

Que esse período de contemplação religiosa também favoreça a introspecção sobre os rumos coletivos. Na torcida para que não tenhamos mais motivos para macular a imagem humana, desejamos a todos uma boa Páscoa.