O calendário é amigo do homem e das organizações. Exatamente porque ele permite prever e organizar. Desde que o homem entendeu as fases da lua e sua influência sobre as marés e a agricultura, a vida não foi a mesma. É por conta do calendário e das sazonalidades da economia que se sabe de antemão que no período de Carnaval muita gente vai entrar em recesso. As empresas aproveitam o fato de ser verão, do clima festivo das folias de momo e acabam por aproveitar para conceder férias coletivas completando, se possível, o período obrigatório que se somará ao recesso das festas de final de ano.

Tudo certo, o período é mesmo de baixa produtividade? Não é bem assim. Uma coisa é planejar e aproveitar para parar. Uma coisa é o sujeito estar descansando porque tem direito e sabe que quando voltar terá muito trabalho pela frente. Outra é sair com a insegurança de quem não sabe se não haverá dispensas na sua volta. Os empresários falam em crise, em dificuldades de mercado e há quem interprete isto como um choro ensaiado. Pois não é o caso desta vez. Acabou a festa e é hora de rever planos, cortar gastos, enfim, enxugar o que ainda não foi devidamente racionalizado.

Evidentemente que a crise não pega todas as empresas numa mesma dimensão. Há nichos de mercado que vão bem. Porém quem depende de energia derivada do petróleo ou de fontes hídricas tem com o que se preocupar mesmo. A elevação dos custos de produção é irreversível também porque as matérias-primas estão com preços majorados. A inflação está de volta e quem entende um mínimo desta história sabe que esta febre se combate com remédio amargo: juros altos, cujo sinônimo é recessão.

O clima de pessimismo entre os líderes empresariais é notório. A postura que estão adotando é de conservadorismo. Há dificuldades na obtenção de financiamentos, com juros estimulantes; o mercado não está comprador como andou na última década e as notícias vindas de Brasília são sempre desalentadoras.

Ora, se o quadro não é animador, resta uma palavra de estímulo: é preciso seguir, é preciso buscar saídas e nisto o brasileiro, sobretudo este que mora na serra do Rio Grande do Sul é bom. Não há intempérie ou empreitada que já não se tenha enfrentado. E sempre é bom lembrar que o Brasil começa mesmo a funcionar depois do Carnaval.