Este período entre o Natal e o Ano Novo costuma reservar algumas surpresas e outro tanto de tragédias ou maus acontecimentos. A chuva torrencial depois do Natal, mesmo não sendo novidade, deixou estragos de difícil assimilação.

A constatação/interrogação que mais se repetiu nos últimos dias tem sido a mesma: mas agora vai ser assim a cada enxurrada, com inundação e estragos espalhados por todos os bairros? Será que não há o que fazer?
A reportagem do Semanário levou a questão ao ente público e ouviu uma reposta que pode não ser a esperada, mas é a mais realista possível. O crescimento exponencial da cidade e a crescente ocupação do solo sem o devido acompanhamento – na velocidade e na envergadura – de obras de saneamento acabaram por levar a cidade a uma espécie de falência do sistema de escoamento de suas águas.

Corrigir tudo de uma só empreitada é trabalho inexequível, quer pela amplitude do trabalho, quer pelo custo. Resta a alternativa de atacar por mutirão nos pontos mais críticos. E esta parece ser a estratégia adotada pela municipalidade, que se depara com falta de recursos e de pessoal para tantos reparos em tão pouco tempo. O velho bordão de que a dor ensina a gemer cabe nesta situação. Há vinte anos ventava forte e várias residências ficavam destelhadas. Logo os proprietários trataram de mudar o sistema do telhado e passaram a buscar novas formas de fixação das telhas. Hoje pouco se vê de estragos nos casos de vendavais.

Num passado recente os antigos canos de 40 centímetros de diâmetro bastavam. Hoje é preciso tubos de pelo menos 100 centímetros. Faltou previsão, então agora é correr atrás para recuperar o prejuízo. E o poder público sabe que a população não assimila este tipo de descaso que, diga-se de passagem, não é de agora.
Já a surpresa de ano novo não deixa de trazer uma mensagem dos novos tempos. Quis o destino que o primeiro bebê nascido em 2015 na cidade de Bento Gonçalves seja filho de imigrantes haitianos. Obra do acaso que soa como mais uma reafirmação que significa algo como: eles vieram para ficar e multiplicar.