As últimas semanas foram marcadas pelas turbulências políticas e econômicas nacionais. O cenário está tão intenso que mais parece grande caixa de surpresas, onde ao ligarmos televisores ou lermos jornais e revistas podemos ser acometidos pelo surgimento de novos indiciados em processo que investigam a corrupção e ralhar afirmações como “eu sabia!”, ou até mesmo despertar questionamentos como “quando essa roubalheira vai acabar?”. Embora saibamos que os atos foram proferidos em território nacional, todo o contexto ainda parece longínquo e complexo.

Entretanto, as falcatruas que acompanhamos atentamente e ganharam destaque no Governo Federal também são realidade em outras esferas do poder. Ao acompanharmos o andamento do distante nos esquecemos do que está próximo, e quando este se revela, impacta de forma pungente, nos fazendo recordar que toda “sujeira” que tanto repudiamos também ocorre em nossa cidade. Em um momento de elevado desemprego, ter estabilidade de trabalho é sonho de consumo, meta de uma vida mais tranquila e de qualidade. Este mesmo sonho era o objetivo de mais de 4.500 bento-gonçalvenses, que perderam horas de sono e momentos em família na esperança de, um dia, se torna servidor municipal.

Em similaridade ao presenciado em Brasília, este mal que se emaranha nas instituições públicas de cidades e estados ceifou de forma bruta e impiedosa o sonho de quem legalmente lutou por progresso. E como agravante, foi arquitetado por quem deveria resguardar direitos civis, um secretário municipal. Pois bem, o estrago está feito e será de difícil remediação. Como consolo, ao menos na distante capital do país os culpados estão sendo condenados e presos. E na Capital do Vinho, será que poderemos noticiar a prisão do primeiro nomeado público de alto escalão? Fica a encargo do tempo relatar.