Desde que foi implantada a Zona Azul em Bento Gonçalves, os bento-gonçalvenses têm algumas dúvidas: ela é mesmo necessária? A quem esta beneficia? Há estrutura para isso? Qual o critério utilizado (ou seria estratégia) para tal demarcação? Existe um treinamento para os agentes (além de orientação sobre o pagamento para retirada de multa), tais como noções de educação na abordagem, ética e presteza no exercício da função? Alguns destes questionamentos são fáceis de ser respondidos, outros nem tanto.

Basta ir na área central para ouvirmos reclamações dos monitores e dos problemas com parquímetros que não funcionam. Parece que, às vezes, tais funcionários são acometidos por SPP (Síndrome do Pequeno Poder) e que a posse de um talão de notificação os eleva a status de autoridade inquestionável. No entanto, diante de questionamento ou argumentação, rapidamente orientam o condutor quanto ao procedimento de anulação da multa. Mediante taxa, é claro. Os famosos R$ 11,00.
Não se pode crucificar tais funcionários, que nada mais fazem que seguir orientação maior, sem grandes preparos para tal tarefa. Mas saber que são premiados por quantidade de cartões vendidos e de notificações aplicadas, mesmo que indevidamente, informação relatada pelos próprios à reportagem, leva a pensar numa verdadeira “indústria da multa”, cuja arrecadação certamente não é revertida em benefício público, como podemos constatar na maioria dos logradouros do município.

Esse descontentamento atinge também moradores, que se manifestam nas redes sociais diante de tantas concessões de benefícios para uma minoria, e se veem pressionados pelo simples fato de morarem aqui. Vivem apelando para que autoridades amenizem esse desconforto, no que são totalmente ignorados, como se os suntuosos prédios que hoje se destacam na paisagem se sobrepusessem a valores humanos, abafando desejos e direitos de quem literalmente sustenta seus omissos representantes que, quer gostem quer não, têm de admitir que este logradouro caracteriza uma zona residencial (muito mais expressiva a partir da ocupação do prédio em fase de acabamento). Portanto, moradores cujos direitos estão sendo lesados devem certamente continuar reclamando e exigindo tratamento mais digno. Se nem a lei da tolerância de 10 minutos está sendo respeitada, como vamos querer que nós, meros cidadãos, sejamos respeitados?