Todos nós brasileiros estamos, de hoje a domingo, ligados nos que poderá vir a ser, ou não -mais provável que sim- a aprovação do impeachment da presidente Dilma Rouseff na Câmara de deputados, em Brasília. Se aprovado, a presidente será afastada por 180 dias a partir do momento em que o Senado aceitar o pedido, período em que assume o vice Michel Temer e o Senado confirma ou não -mais provável que sim- o impeachment e então seguimos com Temer, podendo se abrir muitos caminhos a escolher. Em caso de não aprovação neste domingo na Câmara -pouco provável-, assunto encerrado quanto ao impeachment, Dilma se mantém na presidência, a oposição vai cerrar fileiras com o processo em andamento no Tribunal Superior Eleitoral e a chance de uma coalisão -posição que a presidente prega se permanecer mas não sustenta se não permanecer- também é mínima. O mais provável que aconteceria, em caso de não impeachment, nesse momento, ninguém ousa prever. Poderia ser que tudo voltasse ao “normal”, seja lá o que isso possa significar, como poderia tudo desandar mais ainda ladeira abaixo, rumo ao caos e, aí sim, o que hoje tanto se fala, um possível “golpe”.

Se a presidente Dilma incorreu em crime, até o momento não há provas além das polêmicas Pedaladas, a não ser que a Lava Jato traga à tona fatos novos que a comprometam. E, a princípio, isso a presidente tanto alega, para haver a possibilidade de impeachment, é preciso haver o crime, senão, diz a presidente, “é golpe”. Ao pé da letra, não deixaria de ser. Mas o impeachment de Collor teve como prova de crime uma simples Brasília. Para o processo de Dilma, não há uma Brasília de prova, mas a desaprovação de seu governo é indiscutível. As alegações de que “não sabia de nada” podem explicar mas não justificar, afinal, explicações se dá para guarda de trânsito e pelo menos para os brasileiros mortais, a Lei no Brasil não aceita desconhecimento como alegação de defesa. Seu algoz, Eduardo Cunha, foi e está sendo vingativo? Provavelmente sim. Mas a vingança do “malvado favorito” como está sendo chamado, não encontraria o eco que encontrou não houvesse o desgoverno, o descontrole total da Nação, tenha isso sido fabricado ou não. Incompetência de Dilma? Não, competência a presidente possui; não teve e nem tem entretanto, isso ficou claro, habilidade de governança, levando o país ao descontrole e é isso que a maioria da população não aceita mais e está querendo que seja aprovado nesse domingo ao optar pelo impeachment: o fim do descontrole. Não há mais capacidade para suporte de um erro sequer. Ao ponto de a maioria da população sinalizar que suportaria de momento qualquer coisa na presidência, menos Dilma; afinal, essa população agora acredita que o “qualquer coisa” também pode ser deposto depois, se precisar. Governar não é fácil, exige uma habilidade para lidar com pessoas, com diferenças, e haja diferenças. Portanto defender extinção de partidos não é solução, afinal em todos os partidos, assim como em todas as empresas, todas as entidades, todas as famílias, existem pessoas que aprovamos e não aprovamos. Todos os partidos possuem seu telhado de vidro e é preciso contabilizar que vários estavam até ontem usufruindo do governo que hoje combatem. Mais do que tudo, oposições são muito importantes, devem existir sempre, contemplam uma democracia.

Para governar, assim como no futebol, não bastam craques. Se não houver trabalho de equipe, se a equipe não somar garra, não neutralizar a liderança negativa, não contagiar a torcida e, por conseqüência, perder todas, está fora.

O que, nesse processo todo, ficou mais evidente agora para a população é que, para se sustentar, um Governo dispõe de três armas: a força, a liderança e o dinheiro; o que muda é a dose de cada um. No nosso caso, ao que parece pelo menos a partir do governo Lula, considerado um governante habilidoso, apesar de seu linguajar pouco educado para alguém que governou uma Nação, a moeda do dinheiro -a mais fácil- predominou, ao menos é o que tem tendido a nos revelar a Lava Jato e denúncias anteriores. Outros fizeram o mesmo antes? Pode ser, mas a Nação acreditou que Lula seria diferente. Quebrar uma fé custa mais caro do que não ter nenhuma. O preço disso quem paga é Dilma? Provavelmente sim. O mundo não dá perdão às mulheres? Também. Mas o fato é que Dilma também não se ajuda, tropeçando em suas próprias declarações já há bastante tempo, na ilusão de que a governabilidade seja uma simples sentença matemática: fui eleita, LOGO sou presidente. Essa lógica, mais do que nunca, hoje, sabemos que não existe. Só Deus tem na mão o bastão do futuro. E ainda assim, não o usa.