A cada governo que passa fica mais claro que a BR-470, uma das principais rodovias do Rio Grande do Sul, não é tratada como prioridade. Apesar de federalizada, o trecho entre Carlos Barbosa e Nova Prata aguarda o tão sonhado recapeamento desde 2010, quando foi anunciado com muita pompa o tão falado Contrato de Restauração e Manutenção das Rodovias da Região da Serra (Crema/Serra).

De lá pra cá, o badalado programa do Governo Estadual não saiu do papel e, pelo menos na região de Bento Gonçalves, passou estes cinco anos resumido a operações tapa-buraco e roçadas. Agora, mais uma vez, a Superintendência Regional do Daer anuncia que o trecho bento-gonçalvense da BR-470 só será recapeado em 2016. Perdemos para o entroncamento da ERS-324, entre os municípios de Nova Prata e Nova Araça. Isso para não falar do trecho que vai até o município de Marau, na Região Noroeste, que também passou na frente do nosso.

A Serra Gaúcha há muitos anos é considerada o motor de propulsão do Rio Grande do Sul. Mas, mesmo assim, não recebe a contrapartida do Poder Público no que diz respeito à infraestrutura e logística. Os empresários e empreendedores de nossa região veem os custos operacionais de sua produção aumentarem consideravelmente em virtude destes gargalos logísticos. Entra ano e sai ano e a recuperação da BR-470 segue em compasso de espera. Não há liderança política ou empresarial que dê jeito neste descaso com a rodovia.

Passaremos mais 365 dias tendo que nos contentar com os remendos feitos a cada semestre. Os impostos gerados pela região mais rica do Estado não são suficientes para resolver estes problemas, pois são utilizados para melhorias em outras estradas e regiões. Será que precisaremos fazer piquetes, fechar rodovias e promover manifestações para termos a recuperação da 470 conquistada?

Felizmente, somos um povo ordeiro e trabalhador, que não tem tempo para este tipo de coisa. Mas, talvez, falte um pouco mais de indignação para vermos esta melhoria sair do papel de forma mais rápida e dinâmica. Porém, não é mais admissível acompanharmos o esfarelamento de nossa principal rodovia, sem que nada seja feito. É preciso que os governos federal e estadual comecem a enxergar a Serra Gaúcha com outros olhos. A balança está pendendo cada vez mais para o lado de lá, enquanto seguimos carregando o fardo do desenvolvimento.