Preocupante, em todos os sentidos, o avanço dos casos de Aids em Bento Gonçalves e a revelação dos novos números impõe às autoridades públicas a necessidade de reavaliar as atuais políticas empregadas, o direcionamento e a intensificação de campanhas preventivas. Na segunda-feira, 1º de dezembro, foi comemorado o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, e a data trouxe à tona um número preocupante: o número de novos casos da doença nos últimos quatro anos já é superior ao registrado na década passada (2000 a 2010).

Neste ano, foram notificados 23 pessoas com Aids no município. Em 2013, foram 43. Porém isso não significa que houve diminuição ou regressão dos contágios. Mesmo com toda a informação disponível, em campanhas espalhadas em todas as mídias, a doença continua sendo preocupante. É surpreendente observar como os jovens ainda demonstram desconhecimento em relação à doença e sua prevenção. Ainda tem jovens que acham que o preservativo serve apenas para evitar a gravidez.

Nas ações de combate à doença, algumas particularidades de Bento Gonçalves sempre foram desconsideradas: a cidade tem um grande entroncamento rodoviário e suas rodovias são repletas de pontos de prostituição; trata-se de uma cidade turística, com grande trânsito de caminhoneiros. Basta ir a um dos vários postos de combustíveis ao longo da RSC-470 para ver o que acontece durante a noite. Na cidade, basta ir ao bairro Fenavinho e conferir quantas jovens se prostituem à luz do dia diariamente. Muitas seguem fazendo programas mesmo grávidas, o que mostra que o uso do preservativo não é uma regra entre elas.

É evidente que o enfrentamento da Aids vive hoje um novo momento. Com a implantação da notificação obrigatória e do teste rápido, não haverá mais uma epidemia silenciosa. Isso permitirá saber qual é a real situação da doença, além de possibilitar o desenvolvimento de estratégias focadas para conter o seu avanço e evitar novos casos.
Porém, a população precisa despertar para este problema tão sério. Atualmente, o principal alvo das campanhas de conscientização sobre doenças sexualmente transmissíveis é o jovem, sobretudo na faixa etária entre 20 e 39 anos. É nesta idade que se concentra a maior parte dos casos. Entretanto, é preciso deixar claro que a Aids atinge pessoas de todas as classes sociais, sexos, raças, faixas etárias e orientações sexuais. A conscientização precisa ser passada de pai para filho. É preciso ter a certeza que ninguém está livre deste mal. Afinal, a redução de casos ainda está longe de acontecer.