… e muita realidade bizarra encontrei em Orlando. Pra começar, lá tudo é grande, imenso, amazônico. Até as pessoas. A cada dez, sete são enormes, muitas das quais passeiam pelos parques pilotando carrinhos. Confesso que fiquei tentada a usar o recurso, mas como pretendo fugir dessa estatística preocupante, gastei a sola de um par de tênis.

A resposta para esse alto índice de obesidade (não me refiro a simples gordinhas e gordinhos) está no prato. Tudo fast food. E o cidadão se fo… se ferra. O hot-dog, servido em embalagem desnecessária que depois vai para o lixo, é quilométrico. O X-Burguer parece coisa de desenho animado. Se o sujeito tiver algum problema na articulação da mandíbula, não consegue abocanhar o lanchinho, que vem acompanhado de deliciosas batatas fritas. As roscas lembram rodas de bicicleta, e os pretzels têm a forma e o tamanho real da cara do Michey.

Tudo é ofertado em excesso. Em nossa visita à estupenda Fábrica de Chocolate, pedimos três guloseimas diferentes para cinco pessoas, já que ninguém queria se empanturrar de doce, mas as tigelas eram descomunais. Dava para alimentar umas vinte crianças famintas. Foi com muita pena que deixamos as sobremesas irem ao lixo.

Quase não se vê gente bebendo água. É tudo refrigerante, em copos exageradamente grandes, feitos de material super-resistente, que também vão para o lixo.

Tudo é descartável. Água tratada jorra em abundância nos banheiros e desce pela louça na velocidade das montanhas russas.
Tudo é fantástico! As histórias de Andersen, dos Irmãos Grimm, Perrault, Walt Disney, Hanna Barbera… foram retratadas concretamente nos mínimos detalhes. A genialidade na interpretação dos desenhos é notável, com uma estética que reúne traços cômicos, graciosos e ternos.

Os parques temáticos são monstruosos, com atrações para todos os gostos,
brinquedos de deixar o cabelo em pé, alguns dos quais eu encarei – de olhos fechados. As filas não tem fim…
Em cada parque, em cada rua, em cada esquina, há gente vendendo sonhos… Em dólar, obviamente.

Mas o que mais me sensibilizou foram os animais marinhos da Sea Word, aprisionados em espaços reduzidos que simulam seu habitat. A morsa parece sofrer de TOC. De olhos fechados, ela vai fazendo sempre o mesmo movimento sem trombar com as pedras submersas. Já imaginaram ficar o dia inteiro repetindo o ritual? Se, ao menos ela tivesse uma companheira para amenizar a solidão…
Os pinguins ou dormem ou se coçam na geleira artificial limitadíssima.

Os leões marinhos mal se movem, apáticos.

Na aventura pela África, no Animal Kingdom, o rei das selvas está claramente sem a coroa, e macacões entediados sequer olham para os turistas. Aliás, nenhum animal dá a mínima para quem passa.

E assim essa aventura gigantesca acabou. Para coroá-la, um tornado, que varreu parte da Flórida, passou ao nosso ladinho, mas só mexeu com os cabelos…

A volta foi… Ah! Tem muita história ainda, mas fica para a semana que vem.