Texto de Cleunice Pellenz
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Muitas coisas são inesperadas em nossa vida. Elas simplesmente acontecem e, acredite, nos surpreendem, ou melhor, me surpreendem. Sempre tive a sensação de que existe um significado em tudo que acontece em nossa volta e, a partir disso, comecei a prestar mais atenção a tudo isso e descobri que estou certa.

Como os sonhos. Que atire a primeira pedra quem nunca sonhou! Por exemplo, tive e tenho muitos sonhos. Há cerca de quatro meses estou em Bento Gonçalves. Sou forasteira, vinda da região norte do Rio Grande do Sul. Uma alemoa pouco adaptada aos vinhos e ao clima da Serra Gaúcha. Pensando bem, o clima não é problema, mas o vinho, ah, esse não sou acostumada não. Na verdade ainda não aprendi a degustar de forma correta, por isso aceito convites para uma boa conversa, e um bom vinho. Não que meu sonho seja esse, mas estou morando na terra da uva, do vinho, das parreiras, do ponto de encontro dos turistas. Por falar em turistas, acho que ainda sou uma. Conheço boa parte da cidade, mas há muito ainda que visitar. Bom, não estou aqui para falar sobre a minha vida, ou não muito. Falo disso para tratar do assunto: a tecnologia.

Muito se fala em tecnologia atualmente, e muito se critica. Sinceramente, sou uma viciada (leia-se whatsapp, facebook, instagram, selfie)… Enfim, mas existe um lado bom em tudo isso, sabe? Meus pais moram longe, já citei anteriormente que vim do norte do estado, e o município Barra Funda é pequeno se comparado a Bento. Entretanto, há pontos positivos nisso tudo. Meus pais moram lá, ainda, e graças a Deus aprenderam a lidar com a tecnologia. Isso encurta a nossa distância. Sim, muitos podem se perguntar: poxa, mas existe telefone para quê? Ora, telefone você apenas ouve. Com a nova tecnologia, principalmente se a usarmos de forma adequada e pelo computador, conseguimos nos ver e fingir que estamos mais próximos, mesmo não estando.

Ainda bem que existe a tecnologia para o bem.
Não, não estou chorando escrevendo isso. Por mais que a maior parte da minha família seja manteiga derretida, ainda consigo me segurar (pelo menos na frente dos outros). A tecnologia tem amenizado um pouco a saudade, e a convivência com familiares e amigos fica muito mais fácil. Eu que o diga. Minha mãe até comprou um computador recentemente para manter contato comigo e com minha irmã (meu pai neste momento já estava conectado!). E quem foi a responsável por criar a tal conta do Facebook para a mãe? Exato! A filha mais nova.

Se bem utilizados, esses métodos de comunicação, eficazes e atraentes, são, sim, para o bem. Eu me rendi, meus pais se renderam, muita gente já se rendeu. Me questiono, em diversos momentos, como as pessoas viviam antigamente esperando por uma resposta que demorava quatro ou cinco dias? Hoje muitas vezes não conseguimos ficar um minuto sem uma resposta, que, com o perdão da palavra, já “piramos”. Acho que antigamente também era tecnologia do bem, um pouco ultrapassada talvez, demorada, mas era o método mais eficaz que existia.
Uma coisa digo, utilize de forma adequada esses métodos comunicativos. Como a minha família, que mata a saudade via redes sociais, de forma instantânea. Use a tecnologia para o bem, não é tão difícil.

Mas o que isso tem a ver com os sonhos, com ser forasteira, com pai, mãe e com a tecnologia? Absolutamente tudo! As redes sociais e os celulares modernos têm sido a alternativa encontrada para meus pais, e para mim também.