A palavra ciúme sempre é vista com receio. Quem ouve essa expressão torce o nariz, franze a testa e levanta a sobrancelha. O olhar é de desconfiança, mas eu confesso: sinto ciúme e ponto. Não aquele ciúme doentio, chato que incomoda e enlouquece as pessoas. Não é aquele que gruda e transforma a vida das outras pessoas num inferno. Não é patológico. É cuidadoso.

Todo o relacionamento tem momentos assim. Esse sentimento é até normal, mas a linha que separa o saudável da doença é muito tênue. A insegurança pode ser um tempero nocivo, portando é preciso dosar a mão na hora usar. Ninguém gosta de passar por cobranças e fiscalização o tempo todo. Nossa imaginação tende a ser fértil e pode ser usada para o bem ou para o mal. Tem horas que é bom ficar quietinho e pisar no freio. Claro que quando existe amor, o medo de perder pode acompanhar o sentimento.

O ciúme aparece tanto em nossas vidas que músicas, livros, filmes e peças de teatro abordam o tema. Há mais de 400 anos, William Shakespeare tratou da “doença da suspeita” em uma de suas obras mais populares: Otelo, o mouro de Veneza. A desconfiança de que a mulher mantinha relacionamento com um rapaz mais jovem – despertada e alimentada por insinuações de um subordinado, Iago – levou-o a buscar e a acreditar ter encontrado provas da traição em fatos triviais. O escritor referia-se ao ciúme como “o monstro de olhos verdes”, uma metáfora sobre a cegueira induzida pelo sentimento que faz entrever como provável ou certo o que apenas é possível de acontecer.

Eu gostaria de proteger e ter por perto todos e tudo o que eu mais gosto. Então, se você é meu marido: sim eu tenho ciúme de você. Não vou pegar no teu pé, não vou controlar e não vou ser chata. Mas saiba que eu sinto ciúme. De quem? De todas as outras pessoas, ora bolas! Você é minha amiga? Sim, admito. Minha melhor amiga? Ops, você se deu mal. Vou ficar por perto de você até ficarmos velhinhas. Você é minha mãe? Danou-se. Tenho ciúmes de qualquer pessoa que possa ser mais legal que eu. Minha sobrinha? Ahã! Quero ser a tia preferida. Já sei. Você trabalha comigo. Pois é… Nem preciso dizer que eu estou de olho. Cunhada? Nem tente ficar longe de mim.

Será que é coisa de escorpianos? Filha única? Talvez. Mas calma. É só uma forma intensa de amar e cuidar. Cuidar do que? De tudo que te faça mal. Vou ficar uma fera se alguém te magoar. Vou comprar tua briga e vou estar do teu lado. Vou adorar tuas novas amizades. Desde que elas não sejam tão legais quanto eu, é claro! E com a condição de que elas te façam crescer.