Sábado, quando a encontrei na Igreja Santo Antônio, vi que a Ieda e o Osiris a conduziam pelo corredor lateral e muito feliz fui ao seu encontro, abanando a mão, sem lembrar que a dona Fausta já não enxergava tão bem, ou quase nada.
Foi um abraço forte, demorado e carinhoso que recebi e dei.
Não lembro o tempo que passou mas pareciam décadas que não nos víamos e a dona Fausta, que acompanhou minha infância quando residente na Saldanha Marinho estava ali, me abraçando.
– “Sabe Paulo! Eu sempre te vejo como aquele menino, correndo escada abaixo, aos pulos, cheio de energia”.
Não foi fácil para o seu Ermelindo e a dona Fausta mudarem-se de Monte Belo para Bento Gonçalves e iniciarem vida nova.
Criaram cinco filhos. O Sérgio e o Clóvis, por serem os dois meninos, compartilharam minhas brincadeiras de infância.
É possível escrever um livro sobre as “peladas” com a bola de pano no campinho dos Mussoi, das brincadeiras de esconde-esconde, dos brinquedos simples que inventávamos e das tantas vezes que nossos pais nos chamavam para dentro de casa já nas altas horas da noite. E os banhos de chuva então, eram só coisa boa!
Reparei o olhar fixo da dona Fausta, sem piscar os olhos, olhando mais para minha voz do que para meus olhos.
– “Eu já não consigo enxergar muito bem: toda quarta-feira eu espero ansiosa pelo Jornal Semanário, para ler tua coluna e isto me faz muito bem. Como não consigo ler, é o Osiris e a Ieda quem leem para mim. Depois nós enviamos a coluna para que minha filha que mora na Holanda também possa ler.”
Sei que são tantos os leitores, que são muitas as “dona Fausta”, todos leitores desta coluna. Confesso que hoje, domingo à noite, estou escrevendo com febre e fungando uma sofrida gripe de verão. Isto que fiz a vacina no Posto de Saúde.
Não posso deixar de escrever quando tenho a oportunidade de levar um pouco mais de alegria para todos, um pouco mais de lembranças para os que conviveram minha época, um pouco mais de FAMÍLIA para os lares. Vocês, leitores, são maravilhosos.