Está se tornando rotina. Em todo início de ano, vasculho o fundo do baú e recolho poemetos que já tiveram voz. Hoje é a vez de “Cantigas da Terra”, premiado pelo III Concurso Literário de Veranópolis “Mansueto Bernardi”, no ano em que uma série de fatos bizarros aconteceram. 

A cidade mineira de Varginha ficou conhecida internacionalmente pela aparição de extraterrestres. Abrindo um parêntese, se “uma criatura de olhos vermelhos e saltados, agachada e encostada no muro” fosse hoje descrita como ET, certamente nosso Planeta já era, tal a infestação de alienígenas… Parêntese fechado.

No RS, Britto anunciava a liquidação da dívida pública…

Em termos de Brasil, a manchete falava do frango, eleito por FHC como “herói nacional”, salvador da economia…

No esporte, a bravata foi por conta de Renato Gaúcho, que prometeu desfilar nu caso seu time fosse rebaixado para a série B. O Fluminense desceu um degrau, mas o jogador, hoje treinador, não cumpriu a promessa.

Já eu vou cumprir, antes que o acabe o espaço… O poema é uma homenagem à terra que escolhi para amar…

É sempre um pássaro
Que me traz as manhãs
Engolfadas de beleza
Da serra…
É esta terra
Que acorda meu sono
Me põe alerta
Me faz peregrina
Me deixa menina
Rescendendo a poesia.
São as veias abertas
Destes parreirais
– alma dos nonos –
Que se debruçam nas encostas
Em pródiga oferenda
De sumo e odor
É o amor que colho deste chão
É a sinfonia da natureza
A textura das tardes
A alvura das manhãs
O viço dos campos
É o trabalho duro
É o sopro do vento
O sonho que não se intimida
A luz, o momento
Que me põe em comunhão.
É sempre um pássaro
Que me traz as noites
Bordadas de estrelas
Da serra…