Se você, pai ou mãe, tivesse que escolher entre estas duas alternativas, em relação ao desempenho escolar de seu filho, qual seria a sua opção?

1-Regular em todas as disciplinas.
2-Péssimo na maioria das disciplinas, mas que mostra aptidão numa, de forma especial. Por exemplo: ele é ruim em matemática, física, química, biologia… mas adora ler e devora qualquer livro que encontra pela frente.

Enquanto você pensa, vou fazer algumas considerações. No sistema atual de ensino, acho inevitável a resposta 1, afinal ninguém quer ver o filho penando ano após ano, tendo de fazer aulas particulares, recuperação e eventualmente, repetição da série, enquanto sua autoimagem vai para o brejo e aumenta sua ojeriza pelo estudo. O menos ruim aqui é enquadrar o sujeito na média, o que equivale à mediocridade, não determinante do fracasso na vida, mas, também, não indicativo de um caminho de sucesso.

Mas, vá que a escola passasse a ganhar o aluno incentivando o seu talento natural e apostando todas as fichas nisso. Então, ele adora o manejo da Língua, ele descobriu suas sutilezas e consegue extrair o encanto das palavras, é capaz de criar textos interessantes, que maravilha! Provavelmente ele terá sucesso como professor, escritor, jornalista, tradutor, linguista, filósofo, advogado, sociólogo, historiador… desde que a escola dirija o foco sobre essa aptidão e não fique martelando e martelando e martelando sobre suas dificuldades. Que, obviamente, também terão de receber um certo cuidado, sem, no entanto, se constituir em prioridade.

De repente, esta seja uma das questões a ser considerada pelo sistema educacional, para que a famosa frase – “desenvolver as habilidades do educando” – que consta em todos os discursos, planejamentos, agendas, livros…, não seja apenas uma frase.
Ok! Novos objetivos foram inseridos na teoria educacional moderna… E a palavra da moda agora é “competência”. Desenvolver competências bla-bla-bla…. De tempos em tempos, as concepções mudam, mas, na prática… Quanta diferença!

Retomando o ponto central desta crônica, ouso fantasiar que, se nossa pobre escola, sempre tão negligenciada pelos poderes públicos, conseguisse identificar a inclinação do seu aluno e concentrasse seus esforços sobre isso, não haveria tantos estudantes indisciplinados, professores estressados, pais desanimados, jovens marginalizados, nem tanta gente maluca por aí…

A escolha da profissão não se daria baseada simplesmente no status e no retorno financeiro, mas pela paixão e prazer. E o resultado? Uma sociedade sadia, formada por pessoas comprometidas, competentes e felizes.
Fazer o que se gosta é estar em sintonia com a alma…